A década perdida não é mais aquela, por Beth Guaraldo
Por essa eu, realmente, não esperava. Mas deveria imaginar. Li ontem uma matéria do G1 na qual se informava que a década perdida não será mais a dos anos 80, de acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas. A década que ninguém gostará de lembrar será a que se encerrará em 2020, período em que, segundo o levantamento, o crescimento médio do Brasil ficará em míseros 0,9%, contra os 1,6% dos anos 80. Se os números se confirmarem o país terá sua pior década em 120 anos.
Os anos 80 foram de crise, com quedas na produção industrial e no PIB, inflação alta e desemprego. Os números impressionam. O período entre 1971 e 1980 registrou crescimento médio de 8,6%, os dez anos seguintes apresentaram uma queda de sete pontos percentuais na taxa de expansão da economia. Na década seguinte (91-2000), a taxa subiu para 2,6% e para 3,7% entre 2001 e 2010.
Como todos se lembram, a nova crise começou em 2014, quando a economia brasileira cresceu apenas 0,1%. O desastre continuaria nos dois anos subsequentes: em 2015 houve retração de 3,5% na atividade econômica e, em 2016, de 3,3%. Segundo o estudo, o País não apresentava dois anos seguidos de recessão desde o início da década de 30, afetado que foi pelos efeitos da crise econômica nos Estados Unidos, resultante da quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929.
No ano passado, o aumento do PIB foi igualmente modesto – 1,1%. A estimativa de crescimento da economia para 2019 já foi reduzida, pelo mercado e pelo próprio governo. As previsões indicam alta entre 2% e 2,2%.
A se confirmar. Se tudo der certo, se as reformas necessárias forem aprovadas. Estamos vivendo a época do “se”, o que não é nada animador. O carnaval se foi – tarde, bem tarde este ano – e tudo continua muito devagar. Quando se espera que as coisas vão melhorar (a bolsa chegou a bater nos 100 mil pontos), elas empacam. Está na hora de trabalhar mais, fazer mais e falar menos.