O descartável ganha vida na colagem de G Comini

Sou praticamente uma novata no Linkedin. Apesar de estar cadastrada na rede há muitos anos, só comecei efetivamente a usá-la no ano passado, quando decidi trabalhar sozinha. Minha expectativa era, talvez, fazer contatos que me propiciassem novos jobs. Nem pensei em outras possibilidades.

Mas, preciso confessar, fui agradavelmente surpreendida há algumas semanas, quando recebi um pedido de conexão, seguido de uma simpática apresentação, do artista plástico G Comini. Depois trocamos várias mensagens – primeiro pelo Linkedin, depois pelo whatsapp -, até que combinamos de eu ir conhecer a home gallery dele.

G Comini define seu trabalho como “metaciclagem: buscando imagens em revistas descartadas, crio uma microcolagem usando tesouras de cirurgia ocular, que, posteriormente, transformo por fine art, em uma edição limitada de 8 quadros. São, portanto, imagens perdidas que revivo como arte”.

Só vendo para acreditar no que o artista é capaz de fazer, a beleza de suas obras minuciosamente trabalhadas e que, segundo ele, levam cerca de um mês para ficar prontas.

Mas, estou me antecipando. Vamos às impressões, todas elas. Quando G, como gosta de ser chamado – e é assim que todos os chamam –, abre a porta de seu apartamento, a primeira coisa que atrai a atenção é a vista. Lá, é possível ver as montanhas de São Paulo (até esquecemos que elas existem). Depois, num passeio visual pela sala/gallery, as obras dele eclipsam todo o entorno. Nossos olhos são imediatamente cativados pela explosão de cores, pelos detalhes que compõem o todo e ficamos perdidos, sem saber para qual obra olhar.

A conversa foi imensamente agradável. Atencioso, pergunta sobre o que nós duas – minha amiga Valéria e eu – fazemos e depois conta sua história. Começou como designer gráfico, tendo trabalhado para as maiores e mais conhecidas grifes de moda. Há uns 16 anos, mais ou menos, começou seu trabalho de microcolagem, mas só teve coragem de mostrá-lo há pouco tempo, cerca de 5 ou 6 anos. Uma pena!

Não entendo nada de arte. Apenas gosto ou não gosto do que vejo. E o que ele faz é lindo – ou belo, como gosta de dizer a Valéria. As obras de G são diferentes de tudo que eu já tive oportunidade de ver, inclusive de artistas da colagem.

(Um parênteses: trabalhei, durante a minha carreira, em duas oportunidades com Tide Hellmeister, mestre da colagem, que se foi muito cedo, em plena véspera de ano novo).

Gostei imensamente de conhecer o G. Ele é uma pessoa gentil – não há muitos como ele – tanto quanto Alfredo, seu companheiro de 40 anos. Eles nos receberam com a maior cordialidade e simpatia. Alfredo sugeriu uma foto de nós duas com G em frente a uma de suas obras. Eu não gosto de ser fotografada. G também não. Eu consigo e consegui escapar. Ele não. Faz parte do seu ofício.

O artista tem presença nas redes sociais: LinkedIn, Facebook e Instagram. Vale conferir!

P.S.: A obra que ilustra esse post foi a que nós – Valéria e eu – mais gostamos.