Que tal deixar a política de lado e cuidar do que realmente importa?

30 de dezembro de 2020, penúltimo dia deste ano tão inusitado, tão triste, tão fora dos padrões. A Universidade Johns Hopkins informa, nesta manhã, que o mundo já soma mais de 82 milhões de casos de covid-19 e quase 1,8 milhão de mortes. No Brasil são mais de 7,5 milhões de casos e quase 193 mil mortes.

Ao redor do planeta, dezenas de países já iniciaram a vacinação de suas populações contra a doença. No Brasil, ainda nenhuma vacina foi sequer aprovada pela Anvisa. E ninguém sabe quando isso vai ocorrer.

As rixas políticas, as vaidades se imiscuíram em todo esse processo. Tudo por aqui deu errado. A começar pelo carnaval, que deveria ter sido cancelado e, ao que tudo indica, foi o grande disseminador do vírus por aqui. Mas, o dinheiro falou mais alto.

Depois, começaram as ‘brigas’ pela vacina. O governador de São Paulo, João Doria, interessado em se projetar nacionalmente visando a eleição presidencial de 2022, foi atrás da vacina chinesa, descartando todas as demais. Temos por aqui, em terras paulistanas, milhões de doses da coronavac à espera de aprovação da Anvisa. Percentual de eficácia deste imunizante? Ninguém sabe e o Instituto Butantã não informa.

No âmbito federal, desde o início, o presidente Jair Bolsonaro se recusou a acreditar na gravidade da doença, classificando-a como gripezinha, e ignorando as milhares de mortes. Trocou duas vezes os ministros da Saúde. Não bastasse isso, entrou em uma disputa insana com o governador de São Paulo sobre a coronavac. Há dois dias, declarou que os fabricantes de vacina é que deveriam procurar o país para vender as vacinas e não o contrário.

Como não existe liderança alguma nesse processo em lugar algum, boa parte da população deixou de lado as medidas de proteção e vai às praias, às ruas e às festas sem máscara e sem se preocupar com as aglomerações.

Não sei o que nos espera amanhã, último dia do ano.

Outro dia, meu primo me disse uma frase que não me sai da cabeça: “Tomara que não sintamos saudade de 2020”.

Excesso de pessimismo? Pode ser, mas acho pouco provável. Enquanto nossos governantes não começarem a pensar mais nas pessoas do que em si próprios e em seus interesses, a situação só tende a piorar.

Exemplos disso não faltam e vêm de todos os lados. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, sanciona o aumento do próprio salário. O governador de São Paulo decide viajar para Miami e deixa a cargo da Secretaria da Saúde e do Centro de Contingência o anúncio desse esdrúxulo vai e vem de medidas restritivas. Ambos – governador e prefeito – decidem extinguir a gratuidade no transporte público para pessoas entre 60 e 65 anos. O presidente Bolsonaro cansa de sair por aí sem máscara e provocando aglomerações.

Então, alô todos, alô todos os governantes desse País!! Que tal mais seriedade, mais comprometimento com os brasileiros, mais preocupação legítima com a nossa saúde? Que tal deixar a política de lado (ao menos por enquanto) e cuidar do que realmente é importante? Deixem de lado as eleições de 2022, acabem com as rixas políticas. Porque, a continuar como está, eu garanto: meu voto nenhum deles vai ter.

Precisamos de um verdadeiro estadista que se importe com a saúde de todos os brasileiros. E que faça a economia andar e andar depressa, que colabore para minorar o desemprego e a pobreza. Porque a escolha por aqui está difícil: ou se morre de covid ou se morre de fome.