Como a pandemia mudou a forma de consumir conteúdo das pessoas com mais de 60 anos, por Cynthia May Richard
A crise do coronavírus contribuiu para disseminar e ampliar ainda mais o uso das novas tecnologias independentemente da faixa etária, sinalizando que houve uma aproximação de todas as gerações em um ambiente multicanal, criando o que poderíamos chamar de ‘geração pandemia’.
Nesse contexto, vale fazer um recorte para os nascidos entre 1945 e 1964, atualmente entre 60 e 80 anos, conhecidos como boomers.
Um estudo realizado pela ZAHG, empresa de estratégia e inteligência digital, mostrou que essa geração, embora oriunda de uma cultura analógica e resistente a mudanças, já vinha aos poucos aderindo às novas tecnologias. No entanto, a pandemia e a consequente necessidade de isolamento dos idosos acelerou a inclusão digital desse grupo.
A necessidade de comunicação com familiares e amigos levou os boomers aos aplicativos de mensagens, plataformas de videoconferências, ao aumento do consumo de conteúdos digitais e a utilização de outros recursos online para efetuar pagamentos e fazer compras, por exemplo. O Google tem sido um grande aliado para enfrentar esses desafios.
Recorrer à tecnologia foi também uma forma de se reinventar para manter a saúde física e mental. As medidas de prevenção suspenderam a rotina de aulas e grupos de terceira idade que tiveram que migrar para o digital.
E assim, intensificou-se o gosto, a curiosidade e o prazer dos analógicos de navegar pelo universo imensurável de possibilidades da internet: cursos, lives, shows, espetáculos, moda, novos produtos e aprendizados e até opções de negócios para complementar a renda.
Um levantamento divulgado pelo Portal Mundo Marketing mostra que 40% dos consumidores com mais de 60 anos passou a consumir mais conteúdo digital durante a pandemia; 46% ficam mais tempo nas redes sociais; 38% intensificaram o uso dos serviços de delivery e 37% estão comprando mais produtos pela internet. A pesquisa entrevistou 520 pessoas de ambos os sexos, com mais de 60 anos, de todas as classes sociais.
De acordo com o IBGE, o País tem 28 milhões de idosos, o que corresponde a 13% dos cerca de 211 milhões de habitantes. Em 2035, o segmento acima de 60 deverá chegar a 48 milhões de pessoas, ou seja, 21% da população brasileira.
Trata-se, portanto, de um recorte estratégico para que marcas e empresas fiquem atentas a essa população – hoje mais antenada, exigente, conectada e ávida por conteúdos e novidades – que não quer ser mais tratada e vista como ‘velha’.