A vulnerabilidade dos idosos e os abusos
Semana passada, li no Infomoney que o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor está investigando dez bancos por supostas irregularidades na oferta de crédito consignado a idosos. Entre essas instituições financeiras já notificadas estão, por exemplo, Bradesco, Itaú, Safra, Caixa, BMG e Cetelem. A investigação vai avaliar, entre outros pontos, a possível exposição indevida de dados desses idosos.
Louvável a atitude do DPDC. Assim que eu me aposentei, passei a receber ligações de vários bancos oferecendo crédito consignado. Como conseguiram o número do meu telefone só posso mesmo imaginar. Não é difícil descobrir. Claro, eu não aceitei o tal empréstimo. Mas, quantos idosos aceitam sem sequer saber direito o que estão fazendo!
Se investigações não forem feitas e punidos os responsáveis o problema só vai aumentar, até porque a população idosa não para de crescer. De acordo com dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o percentual de idosos na população deve atingir, este ano, 9,52% ou 29 milhões de pessoas. Em 2010 a participação era de 7,32% e a previsão para 2060 é de 25,5%, ou 73 milhões com 60 anos ou mais.
Outra informação relevante vem da OMS – Organização Mundial da Saúde, que considera um país envelhecido quando 14% de seus habilitantes têm mais de 65 anos. De acordo com matéria publicada no site da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, esse processo levou 115 anos na França e 85 anos na Suécia. No Brasil, a expectativa é que isso ocorra em pouco mais de duas décadas. O País será considerado velho já em 2032, quando 32,5 milhões de brasileiros terão 65 anos ou mais.
A vulnerabilidade dos idosos é muito grande. Eles têm dificuldade de locomoção, a memória começa a não ajudar mais, adoecem mais facilmente. São como crianças na última fase de suas vidas. Têm grande fragilidade e não podem ficar sozinhos. Precisam de ajuda permanente. Não é por outra razão que o número de cuidadores vem crescente constantemente. Mas, até nessas pessoas temos de ficar atentos, porque os registros de maus tratos também aumentam.
É por isso que eu, de verdade, não entendo as pessoas – às vezes até mesmo da própria família – que prejudicam os idosos. É lamentável que os bancos, em busca de lucro incessante, ‘convençam’ pessoas de idade a fazer esses empréstimos, dos quais muitas vezes nem precisam. Não entendo filhos ou filhas que descuidam de seus pais idosos. Conheço vários casos. Dá trabalho? Dá, dá trabalho sim. Mas, como deixá-los à mercê de sua própria vulnerabilidade?