Jogo do bicho: a contravenção na rua para quem quiser ver (e apostar)
O jogo do bicho, invenção genuinamente brasileira, é quase tão velho como a Avenida Paulista, que domingo completou 128 anos. Foi criado em 1892 pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro e é uma bolsa ilegal de apostas em números que representam animais. A ideia do então barão era atrair visitantes para seu zoológico, localizado em Vila Isabel, por meio de rifas.
De acordo com o site Games Magazine, pela manhã o barão escolhia “um animal em uma lista de 25 e colocava sua imagem em uma caixa de madeira na entrada do zoo. Quem participava ganhava um tíquete com a estampa de algum dos 25 bichos. Ao final do dia, o barão abria a caixa e mostrava a figura”. O acertador ganhava 10 vezes “o valor da entrada. A loteria foi batizada de jogo do bicho e logo se tornou uma febre”. A atividade foi criminalizada no final dos anos 1980 pelo bem da segurança pública.
Isso posto e entendido, é hora de tentar entender a razão pela qual é fácil, facílimo encontrar as tais banquinhas de jogo do bicho por aí. Aqui perto de casa – região de Paulista – eu conheço duas. Uma delas – cabe informar – tem até uma pessoa que ‘convida’ os transeuntes para fazer uma “fezinha”.
O site citado anteriormente lembra que “mesmo sendo ilegal, a lei nunca foi aplicada com muito vigor. Assim, a punição não era forte o suficiente para amedrontar os bicheiros – os lucros sempre compensaram os riscos de prisão”.
Esta matéria da BBC, mesmo tendo sido escrita há dois anos e meio, não pode deixar de ser lida. E começa com uma pergunta: “Como explicar a um estrangeiro uma instituição tão brasileira como o jogo do bicho, uma antiga rifa de zoológico que existe há 125 anos, é proibida por lei e se tornou uma das maiores loterias ilegais do mundo?”
Ninguém explica. É surreal, um absurdo e é de chorar. Mas, pelo visto, tem coisa que só acontece mesmo no Brasil!