O assessor e o jornalista na crise de imagem
Gestão de crise é parte intrínseca da atividade do assessor de imprensa. Só quem já passou por isso sabe o quanto todos rezamos para isso nunca acontecer. Mas, não tem jeito, é fato, acontece.
O problema que redundou na crise de imagem de clientes das agências de RP se amplifica, claro, quando o fato gerador chega ao conhecimento da imprensa que, obviamente, tem obrigação de esclarecer os fatos.
Durante meus vários anos de atuação como assessora de imprensa, vivi inúmeras crises – umas mais fáceis, outras mais difíceis e outras extremamente difíceis. Os jornalistas não dão trégua, até porque esse é seu papel. O cliente, geralmente, está preocupado com o que gerou a crise e se sentido, muitas vezes, acuado com a pressão da imprensa – mesmo que a assessoria faça o melhor para ‘suportar’ os ‘golpes’.
Mas, nem tudo é pressão. Vivi duas situações das mais graves possíveis – com mortes – e pude descobrir toda a solidariedade de que os jornalistas são capazes em momentos assim.
A primeira delas foi um grave acidente de uma companhia aérea internacional para a qual trabalhávamos e que, infelizmente, matou todos os ocupantes do avião. Pelo fato de ser um cliente de fora do Brasil, evidentemente, quem assumiu a gestão da crise foi a área de comunicação no país de origem. Toda a orientação vinha de lá e tínhamos de seguir estritamente.
Nossos telefones não paravam de tocar, com jornalistas querendo informações. Mas, todos os contatos deles conosco começavam invariavelmente com pedidos de desculpas por nos acessar naquele momento, prestando condolências e sendo muito, muito gentis. É uma pena eu não me lembrar de todos com os quais falei naquele momento tão delicado.
A outra crise também envolveu morte e um cliente internacional, que patrocinava a viagem pelo Brasil de um famoso navegador que, infelizmente, foi assaltado no rio de um estado do norte do País e acabou assassinado pelos criminosos. Quando a notícia chegou a São Paulo, eu acompanhava uma entrevista e meu celular estava desligado. Quando liguei o aparelho, encontrei mais de 20 ligações perdidas – eram de pessoas da agência e de alguns poucos jornalistas que vinham acompanhando a viagem à distância.
Mais uma vez, a sensibilidade deles nos emocionou. Todos com os quais falei começavam a conversa dizendo que sentiam muito nos acessar naquele momento e gentilmente pediam informações.
Esse tipo de atitude, típica de gente sensível, compreensiva e empática, muitas vezes parece totalmente fora da realidade do que os assessores vivem no dia a dia – e dos jornalistas também. Muita gente acredita que estamos em lados opostos, principalmente durante as crises de imagem. Mas, não é nada disso, estamos apenas fazendo o que nos cabe fazer. Na verdade, como diz a ilustração que escolhi para esse post – estamos todos nisso juntos.