Séries contra a mesmice da TV aberta, por Marco Antonio Catai
As séries de TV, veiculadas pelos canais pagos ou pelos serviços de streaming, são hoje o melhor antídoto contra a modorrenta programação das emissoras de sinal aberto. Programas de auditório, reality shows e novelas não são páreo para as emoções que as séries oferecem, a um custo mais baixo do que o cinema.
Dentre elas, quero destacar duas, ambas produzidas pela Netflix: “O Método Kominsky”, estrelada pelos veteranos Michael Douglas e Alan Arkin, e “Gracie and Frankie”, com as não menos vividas Jane Fonda e Lily Tomlin.
“O Método Kominsky” teve a primeira temporada de oito episódios lançada em novembro de 2018 e já tem a segunda garantida pela produtora. Escrita pelo genial Chuck Lorre, autor também de “Friends” e “Two and a Half Men”, logo de cara ganhou o Globo de Ouro de melhor série de comédia ou musical e Michael Douglas levou o prêmio de melhor ator de TV em comédia.
Douglas interpreta Sandy Kominsky, ator veterano que se torna professor de atores. Alan Arkin é Norman Newlander, empresário de Kominsky, ambos na casa dos 70 anos. E é sobre a terceira idade e todas as suas implicações profissionais e pessoais que o texto nos arranca muitas gargalhadas. Chuck Lorre brinca com o tema. Num dos episódios coloca Elliot Gould, famoso por seu desempenho em “M.A.S.H” e em “Bob, Carol, Ted and Alice” como ele mesmo à procura de um papel no cinema ou na tv, mas que aceita fazer comercial de uma casa de repouso para idosos.
“Gracie and Frankie” já está na quinta temporada em 2019 e tem a sexta confirmada para 2020. Interpretadas por Jane Fonda e Lily Tomlin, respectivamente, as duas mulheres na casa dos 70 anos são surpreendidas quando seus maridos confessam ser amantes e que desejam se casar.
O texto de Marta Kauffman, uma das produtoras de “Friends”, e Howard J. Morris, acrescenta uma pitada a mais de tempero à discussão da terceira idade, incluindo a questão da homossexualidade e como ela é vista e enfrentada pela sociedade e pelas ex-mulheres. A despeito de viverem em famílias complicadas, elas ainda pensam em reconstruir a vida e aproveitar os últimos anos que lhes restam.
O resultado nas duas séries são gargalhadas garantidas e ótimas interpretações. Muito melhor que programas de auditório, novelas ou reality shows.