Leite: pode ou não pode?, por Beth Guaraldo

Meu pai, que já se foi, sempre gostou muito de ovo – frito, cozido, mexido. Não importava. Mas, quando ele teve seu primeiro infarte em 1975, o ovo era considerado um vilão para o coração, por causa do colesterol. Com isso, a meu pai era permitido comer um ovo por mês e assim ele fez até sua morte em 2002. Depois disso, o ovo foi, em parte, reabilitado.

Entende-se que a medicina evolua e que o que hoje é proibido amanhã poderá ser recomendado. Mas, o que fica difícil de acompanhar, de entender e de praticar é que cada médico fala uma coisa diferente. Aliás, se reunirmos três profissionais para analisar um diagnóstico e propor um tratamento, possivelmente vamos ter no mínimo duas opiniões diferentes. E aí ficamos ‘num mato se cachorro’, para usar uma expressão de que gosto muito.

Tudo isso para chegar ao leite. Sempre ouvi que o leite e seus derivados são uma importante fonte de cálcio, que não pode ser desprezada. Também sabia que é muito bom para doenças do estômago. Foi nisso que eu sempre acreditei até que minha homeopata me disse que eu deveria abolir esses alimentos da minha dieta, porque a proteína do leite estaria fazendo mal…. exatamente para o estômago.

Como já tenho restrições alimentares um tanto severas demais para o meu gosto, resolvi pesquisar o que se fala sobre o consumo de leite e seus derivados e fiquei espantada sobre a quantidade de sites e portais que destacam esse assunto.

Os principais problemas causados pela ingestão de leite são a intolerância à lactose e a alergia à proteína. E há diversos especialistas que afirmam que o organismo humano não está adaptado para tomar leite de outros animais. E mais: que a bebida tem mais proteína do que o corpo consegue digerir. Isso pode sobrecarregar os rins e comprometer a absorção do cálcio, um dos principais benefícios do leite – um copo tem 240 ml do mineral e, em média, o adulto precisa de mil ml por dia para manter os ossos sadios

Há quem diga que a sensibilidade ao leite pode ser responsável pelo surgimento de doenças como sinusite, depressão e ansiedade

Para resumir a história, parece que nós, pacientes, em alguns casos, devemos decidir o que nos convém. Um médico fala que o leite é prejudicial, outro diz que ele tem alta concentração de cálcio, que sua gordura colabora com o bom colesterol e que é preciso tomar. O que fazer?

A decisão é de cada um. Até porque, hoje, na hora do check up anual, precisamos passar por vários médicos. Então, ao que tudo indica, a balança da escolha fica mesmo por nossa conta!