Os ‘intermediários’ vão acabar? Isso inclui os assessores de imprensa?, por Beth Guaraldo

Quando nos encontramos recentemente, Claudia Zanuso, sócia da Duecom, fez um comentário bem interessante. Ela disse que os “intermediários estão deixando de existir”. Venho pensando no assunto faz alguns dias. E não é possível discordar dela quando lembramos de algumas profissões fadadas ao desaparecimento. São várias: cobrador de ônibus, carteiro, atendente de telemarketing, agente de viagem, corretor de imóveis, entre outras. É um problema, porque essas pessoas, embora não se saiba quando, ficarão desempregadas. Elas precisam de requalificação urgente.

Está cada vez mais claro que, no futuro que já está quase aí, o mercado vai exigir profissionais com características como a proatividade, abertura às mudanças, inteligência emocional, capacidade de tomar decisões e de lidar com imprevistos, multidisciplinaridade, boa comunicação, criatividade e desenvolvimento constante. Eu diria ainda que saber pensar é uma qualificação das mais importantes.

E é isso que me leva a analisar a atividade profissional que exerci por mais de 40 anos: a assessoria de imprensa. Eis um excelente exemplo de intermediário, pois o assessor de imprensa – como costuma dizer o jornalista Marcos Aidar – é ponte entre a organização e o jornalista.

Ao longo desses 40 anos, vi como a profissão mudou. Quando comecei, o assessor era visto com enorme desconfiança pelos jornalistas. Depois o relacionamento entre ambos foi melhorando, o respeito foi se aprofundando e a convivência se solidificou. Mas, nos últimos anos, tudo mudou – é só tentar ligar para algum jornalista para perceber isso. Por outro lado, as mídias digitais têm facilitado de alguma forma esse relacionamento. Eu conheço a página do Facebook DR entre assessores e jornalistas, que é um canal bem interessante de proposição de pautas e também de ‘desabafos’ de uns e outros sobre o relacionamento. As reclamações são recorrentes: jornalista que não responde o email do assessor, assessor que dispara release para dezenas de jornalistas, follow em horários inconvenientes e por aí vai.

Então, a pergunta que fica é: a assessoria de imprensa vai acabar? É difícil ser taxativo na resposta. A assessoria que se fazia há anos está acabada. Hoje, em que se usa cada vez mais o branded content e o brand publishing, as empresas falam diretamente com seus consumidores e, em tese, não precisariam da imprensa. Mas, imprensa dá credibilidade e para isso as organizações precisam – aliás, como sempre precisaram – de inteligência e relacionamento. Mais do que isso: para resolver o problema do cliente, é preciso lançar mão de mais de uma ferramenta. A combinação de estratégias é que vai atender às necessidades do cliente, gerar leads (é disso que todos estão em busca) e dar resultado.

Para concluir, o profissional que só usa a ferramenta assessoria de imprensa é um intermediário e, sim, está com os dias contados. Mas, o profissional de comunicação que pensa no cliente, no negócio dele, sabe planejar e tem como foco o resultado, esse vai ser cada vez mais valorizado.