A difícil arte de aceitar o outro como ele é
A vida é um perpétuo aprendizado. Para ir em frente, precisamos aprender a chorar para reclamar nossos direitos como bebê; temos de aprender a andar para podermos nos locomover pelo mundo. Daí em diante, é a escola, aprender o que acham que devemos saber, depois estudar o que nos faz feliz ou nos convém para podermos trabalhar e continuar sobrevivendo, agora às nossas próprias custas.
Temos de aprender a conviver com os outros, com os muitos outros que vamos conhecer na vida, começando por nossos pais, irmãos e outros membros da família. Na escola, fazemos escolhas das pessoas que nos são mais afins, das crianças com as quais mais gostamos de conviver. Se damos sorte, continuamos amigos vida afora. Sempre estamos conhecendo novas pessoas e aprendendo com elas.
Alguns aprendizados são fáceis, outros mais difíceis. Mas, para mim, o mais difícil de todos é aceitar as pessoas como elas são. Eu diria, pela minha experiência, que é quase impossível. E é essa incapacidade a razão de todas as mágoas, ressentimentos, raiva e até coisa bem pior.
Cada um de nós tem seu temperamento, caráter (uns melhores, outros piores), código de valores, forma de ver a vida. E é desse conjunto de atributos que sai nosso olhar para o outro. Olhamos para os outros de acordo com os nossos princípios, segundo aquilo que acreditamos.
Se somos pessoas generosas, não conseguimos compreender como alguém pode ser mesquinho, egoísta. Se somos do tipo de gente que não guarda mágoas ou ressentimentos, fica muito difícil entender pessoas vingativas, raivosas, coléricas.
A nossa visão de mundo nos impede, na maioria das vezes, de entender a razão pela qual alguém age desta ou daquela forma. E vice-versa. As pessoas nem sempre conseguem compreender porque fazemos o que fazemos, porque acreditamos que algo está certo ou errado.
Acredito que o gesto mais generoso que alguém pode ter com outra pessoa é entender – e aceitar, principalmente aceitar – que ela é como é, faz o que acha certo, pensa como acha melhor e que ninguém, mas ninguém mesmo, vai conseguir fazê-la mudar de ideia. Mesmo que nós tenhamos a certeza de que ela está errada.
Estou bem longe deste tipo de atitude, mas reconheço que iria facilitar muito a vida. Quem sabe um dia, certo?