Os cátaros e o Graal

Um dos períodos da história que mais me fascinam é a época dos cátaros, que viveram no sul da França a partir do século 12. Os cátaros eram considerados hereges pela Igreja Católica. No fim deste século, já havia onze bispados cátaros: um no norte da França, quatro do sul (em Albi, Toulouse, Carcassonne e Val d’Aran) e em cidades na Itália.

Alguns historiadores dizem que o catarismo é herdeiro de algumas seitas gnósticas de caráter dualista, o que explica a crença cátara que toda criação ligada ao mundo material é obra de um deus mau e criação ligada ao mundo espiritual é resultado de um deu bom. Havia dois grupos: os ‘perfeitos’, que tinham uma vida de ascetismo e negavam os bens materiais. Para se tornar ‘perfeito’ era necessário receber o consolamentum. Eles viviam segundo os ideais de pobreza, praticavam a castidade e longos jejuns e se dedicavam aos ensinamentos e aconselhamento espiritual dos fiéis, que se denominavam ‘bons homens’ e ‘boas mulheres’. Já os ‘crentes’ deviam mostrar respeito aos ‘perfeitos e confessar seus pecados a eles. A crença cátara pregava também que ninguém precisava de intermediários para chegar até Deus.

A crença cátara rejeitava a Santíssima Trindade e os sacramentos como o batismo, a eucaristia e o casamento. Não é à toa que a Igreja Católica queria acabar, a todo custo, com o que chamava de heresia. Para isso, lançou a Cruzada Albigense, entre 1209 e 1229, que usou de meios militares para destruir o catarismo. Mesmo assim, novas rebeliões continuaram a acontecer nas décadas seguintes, e a igreja continuou perseguindo os cátaros com a instituição dos Tribunais da Inquisição.

Mas, um segredo permanece. Há quem diga – e não há comprovação disso – que o Santo Graal teria passado das mãos dos templários para as dos cátaros e que teria sido levado para local desconhecido quando ocorreu o cerco da fortaleza de Montségur, em 1224. Esse tesouro teria sido transportado, graças a uma trégua antes do acerto final, por um grupo que teria descido as muralhas da fortaleza e fugido para as montanhas. Quando o graal estava seguro, os demais cátaros deixaram a fortaleza e foram queimados.

Sobre o graal também não existe comprovação. Há quem diga que é o cálice que Jesus usou na última ceia. Há quem afirme que é uma pedra ou um livro escrito por Cristo. E também um segredo, a linhagem de Jesus Cristo e Maria Madalena, que teria ido para a região do Languedoc, na França, depois da crucificação com – ou grávida de – sua filha Sara. Sobre essa tese em especial há livros bem conhecidos. Um deles, claro, é O Código Da Vinci, de Dan Brown, e outro O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln. Um é ficção. O outro, segundo os autores, é história!