Informação pelas redes sociais e a revista Veja
Uma amiga, que também atua na área da comunicação, participou recentemente de um evento de marketing digital, com a presença de cerca de 150 pessoas. Para começar, o palestrante quis saber como os presentes se informavam todos os dias. E perguntou: “Quem lê jornais?”. Apenas duas pessoas levantaram a mão. “Quem se informa pelos sites dos veículos de comunicação?” Boa parte do auditório informou que sim. Mas, quando a pergunta foi: “Quem aqui se informa pelas redes sociais?”, a resposta foi unânime.
Todos, 100% dos participantes, afirmaram informar-se sobre o que acontece no Brasil e no mundo pelas redes sociais. Há vários estudos que comprovam que as fake news se disseminam muito mais rápido por essas redes. Pelo menos é o que informa a matéria, de maio deste ano, publicada na versão online da revista Superinteressante.
O poder das redes é inquestionável. Por isso, não espanta que, nos últimos dias, tenha havido uma verdadeira “campanha” contra a revista Veja. Um amigo acompanhou isso pelo Facebook e viu várias pessoas informando em suas timelines que iriam cancelar suas assinaturas da revista e recomendando a seus seguidores que fizessem a mesma coisa. A razão para isso, de acordo com informação do meu amigo, foi a parceria recente da revista com o site The Intercept – detalhes a respeito são desnecessários. A dúvida geral era a razão pela qual Veja, que sempre apoiou a operação Lava Jato, agora, com a parceria, trocou de lado e passou a acreditar em tudo o que o site publica. Também sou ‘testemunha’ da campanha. Neste final de semana, recebi pelo menos uns quatro vídeos de pessoas afirmando o cancelamento de suas assinaturas e rasgando a revista.
Essa ‘história’ de Veja revela o descrédito das pessoas com os meios de comunicação. E, de verdade, fica mesmo meio difícil entender porque a revista adota essa posição se, até onde eu sei, nenhuma das mensagens veiculadas por The Intercept foi devidamente provada como verdadeira – ouvi algumas histórias que, claro, não vou compartilhar. Não tenho como afirmar o que é verdade ou o que é inverdade nesta história. Nem é o caso aqui.
A questão toda é que a imprensa está perdendo credibilidade e isso não é nada bom para a democracia. Ou, o que é pior talvez, está se tornando irrelevante para a maioria das pessoas que, como se viu no evento, preferem informar-se pelas redes sociais.
Como dizia meu pai, o “papel aceita tudo”, significando que, sem comprovação, sem checagem – que é um dos papeis do jornalismo – fica difícil saber em quem ou no quê acreditar. E isso é um risco e tanto, na minha opinião.