O relacionamento entre jornalistas e assessores nos EUA (e no Brasil)
Recebi ontem, na newsletter 7 Sources, um extrato da pesquisa The State of Journalism 2019 – How jornalistas find their news, use social media, and work with PR Teams. Como esse assunto do relacionamento entre a imprensa e as assessorias vem me interessando faz tempo, resolvi consultar a íntegra do estudo, desenvolvido pela Muck Rack, plataforma norte-americana de software para RP.
O levantamento destaca que o Twitter é a rede social mais valiosa para 83% dos jornalistas consultados – contra 70% registrados na pesquisa do ano passado. Depois vem o Facebook com 40% e o LinkedIn com 26%. Ainda de acordo com o estudo, 78% dos profissionais de imprensa gostam de ser seguidos pelos profissionais de RP na mídia social – 93% dos assessores acompanham os jornalistas nestas redes.
Quando perguntados sobre se consultam ou não as redes sociais das empresas quando vão escrever sobre elas, os profissionais de veículos de comunicação responderam: nunca (3%), raramente (8%), algumas vezes (29%), geralmente (35%) e sempre (26%). Outro dado importante: 71% dos jornalistas ficam “de olho” no número de vezes em que suas matérias são compartilhas nas mídias sociais.
Outro dado que interessa diretamente aos assessores de comunicação / imprensa é a melhor forma para acessar os jornalistas. A grande maioria deles (93%) prefere receber comunicação por email, 13% pelo Twitter, 11% pelo telefone e 9% por outras redes como Facebook e LinkedIn. Os jornalistas também informaram que preferem (61%) receber textos com no máximo dois a três parágrafos.
Sobre o ‘famoso’ follow up, 73% dos jornalistas informaram não se incomodar com isso uma única vez se não responderam o email. Os demais preferem não receber nenhum contato posterior. 76% dos profissionais de imprensa disseram que ficam muitos mais propensos a escrever uma matéria se a pauta for exclusiva.
Atenção assessores ao que os jornalistas responderam quando perguntados se a maneira pela qual as empresas compartilham informações com eles está desatualizada: 17% concordam totalmente, 30% concordam com a afirmação, 48% nem concordam nem discordam e 5% discordam.
Mais atenção ainda, assessores: os jornalistas consideram seu relacionamento com os assessores como uma relação de parceria (7%), antagônica mas não necessariamente uma coisa ruim (15%), um mal necessário (16%), mutuamente benéfica mas não uma parceria (63%).
Aqui no Brasil, encontrei, depois de uma busca bem rápida (preciso confessar) uma pesquisa realizada pelo portal Comunique-se em 2017 com 400 jornalistas. De acordo com o estudo, cerca de 90% dos jornalistas estão propensos a aceitar / adicionar assessores em suas redes sociais como forma de estreitar o relacionamento. O melhor meio para receber informações continua sendo o email (91%) e 61% dos jornalistas informaram aceitar melhor o follow up de assessores com os quais já têm relacionamento.
Sobre o conteúdo encaminhado pelas assessorias, 61% dos jornalistas afirmaram que a relevância é mais esporádica do que costumeira e que apenas 10% dos emails podem ser aproveitados. 73% dos profissionais de imprensa veem com bons olhos as redes sociais como canal de relacionamento com os assessores, desde que seja para conhecer e aproximar-se dos assessores (88%), mas não para receber releases. Desta forma, o que se precisa, de acordo com a pesquisa, é usar esse relacionamento via redes sociais da melhor forma possível, compartilhando conteúdos relevantes, entre outras ações e nunca usando abordagens indesejadas.
Está mais do que claro, então, que cultivar o relacionamento de forma profissional e relevante é o único caminho possível. Vamos convir que é impossível a um profissional de veículo que recebe cerca de 400 emails por dia ler tudo isso, responder a tudo isso. Então, cabe ao assessor ser estratégico, sugerir boas ideias de pauta e não apenas “vender o peixe do cliente” – queixa recorrente da imprensa.