As fake news também destroem esperanças

Há alguns meses, escrevi o post Boatos, fofocas e mentiras matam, que abordava a questão das fake news. Volto ao assunto hoje, porque fiquei chocada com o que aconteceu, na sexta-feira passada, em Niterói (RJ). Segundo notícias veiculadas pela imprensa, um áudio falso que se espalhou pelo Whatsapp levou dezenas de pessoas sem emprego a formar uma fila no centro da cidade fluminense em busca de trabalho – a mensagem informava que eram 1,5 mil vagas.

O áudio era bem específico, fornecia o endereço de onde as pessoas deveriam ir e o horário. A subsecretaria de Emprego e Renda, vinculada à secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Relações Internacionais do Rio, divulgou que a mensagem era falsa, mas o estrago estava feito. Claro que a informação do governo não teve o mesmo alcance da notícia original.

A história virou caso de polícia que acredita que o áudio foi gravado por uma funcionária da própria secretaria, já afastada de suas funções e que prestou depoimento ontem.

A questão toda passa pelo caráter de quem faz uma coisa dessas, destruindo a esperança de muita, muita gente que está desempregada. Difícil entender a motivação dessa servidora carioca ao fazer esse tipo de coisa. Há quem acredite, por exemplo, que as notícias falsas têm o objetivo de gerar algum benefício para quem as cria. E o pior de tudo é que esse ‘criador’ sempre vai encontrar gente que vai passar para frente essa notícia porque acredita sinceramente nela – como, aliás, aconteceu.

Vamos combinar que é muito simples criar e distribuir uma fake news. Basta inventar alguma coisa e passar para a frente. Esse fato demonstra que boas ou más notícias são passíveis de distribuição massiva. A boa notícia dos empregos se espalhou rapidamente. Seu desmentido, entretanto, não teve a mesma sorte.

Agora mais do que nunca todos precisamos buscar confirmação da notícia que recebemos, antes de passá-la para frente. Outro dia, recebi uma informação de uma amiga, mas não compartilhei. Pouco tempo depois, ela mesma mandou um link dizendo que era fake news.

Isso é até relativamente simples de fazer e evita muitos problemas. Mas, o que fazer com pessoas como essa servidora que, ao que tudo indica, distribuiu uma informação que, talvez, ela mesma tenha inventado sabe-se lá para quê?

O que ela ganhou com isso? Achou divertido acabar com a esperança de centenas de pessoas em busca de emprego? Não tinha o que fazer? Não sei. Só espero que ela receba uma punição à altura. Ninguém tem o direito de fazer esse tipo de coisa sem consequências.