Exame vai a leilão
A imprensa brasileira não vai nada bem. Duas notícias publicadas na semana passada são a prova disso. A primeira delas revela que a circulação dos exemplares impressos dos principais jornais brasileiro já caiu 10% neste ano. Os dados são chocantes: em dezembro de 2014, os dez jornais diários mais relevantes do País tinham uma tiragem de 1,2 milhão de exemplares. Em outubro deste ano, o número era de 588,6 mil, uma queda de 51,7%.
Percentualmente, a maior retração foi do Estado de Minas, que imprimia, em dez/2014, mais de 55 mil exemplares e, em outubro, o total não passou de pouco mais de 16,4 mil – queda de 71%. Na sequência vem A Tarde (BA), com redução de 65% – passou de 30,3 mil exemplares para 10,6 mil.
Jornais de São Paulo e Rio sofrem o mesmo problema. O Globo registrou diminuição de 49% no número de jornais impressos diariamente – passando de pouco mais de 204 mil (dez/14) para 104,1 mil (out/19). A retração na Folha de S. Paulo foi ainda maior – 59% -, pois caiu de 211,9 mil exemplares (dez/14) para 86 mil. O Estadão, com 41% de queda, viu seus mais de 163,3 mil exemplares despencarem para 97 mil.
A situação também não fica melhor para as revistas. A Veja, que por vários anos foi a mais vendida do País atingindo a marca de um milhão de exemplares por semana, nem chegou aos 250 mil em setembro deste ano, de acordo com o IVC.
A segunda notícia sobre a imprensa brasileira é sobre o leilão da marca da revista Exame, que será realizado nesta quinta-feira, 5/12. De acordo com a matéria, o lance mínimo é de R$ 72,37 milhões e já se especula que, de fato, a publicação deve passar para o controle do BTG Pactual, que poderá transformá-la em uma plataforma de conteúdo financeiro.
Esses rumores sobre a venda da Exame para o BTG não são recentes. Surgiu desde que o banco financiou o aporte de R$ 70 milhões para o novo proprietário da Editora Abril, Fabio Carvalho, que arrematou a empresa pelo valor simbólico de R$ 100 mil. Considerada por muitos como “impagável”, a dívida da Abril atingiu R$ 1,6 bilhão.
É um ícone que se vai. De acordo com o site da FGV, a revista nasceu em julho de 1967 como suplemento das revistas Transporte Moderno, Máquinas e Metais e Química e Derivados, todas da Editora Abril. Três anos depois, Exame se tornou independente e mensal à época. A publicação chegou a tirar 150 mil exemplares quinzenalmente. Hoje não passam de pouco mais de 48 mil, dos quais apenas 6.977 são vendidos em banca.