Carnaval: a festa que não é de hoje

Nessa época do ano, sempre me lembro da minha mãe comentando como era o carnaval de sua juventude, das marchinhas, dos corsos. Mas, ao contrário do que se pode pensar, o carnaval não é uma invenção brasileira – a festa é muito mais antiga.

De acordo com o site Brasil Escola, a palavra carnaval “é originária do latim, carnis levale, cujo significado é retirar a carne”, alusão ao jejum que deve ser realizado na quaresma. Ou seja, “uma tentativa da igreja católica de controlar os desejos dos fiéis”.

Ainda segundo o site, as origens do carnaval podem remontar a duas festas da Babilônia: as sacéias, que eram uma celebração em que “um prisioneiro assumia, durante alguns dias, a figura do rei, vestindo-se como ele e dormindo com suas esposas. Ao final, esse prisioneiro era chicoteado e, depois, enforcado ou empalado”. A outra era realizada pelo rei perto do equinócio da primavera, a comemoração do ano novo, e ocorria no templo de Marduk. Lá, o rei era surrado como demonstração de sua submissão à divindade. Em comum, ambas as festas – e que as relaciona ao carnaval – é “o caráter de subversão dos papeis sociais, que é o que, muitas vezes, acontece por aqui.

Há estudiosos que ligam o carnaval à Saturnália e a Lupercália, festas romanas que duravam dias, com comidas, bebidas e danças, bem como inversão de papeis sociais.

Pagãs, essas comemorações eram extremamente populares e a igreja “não via com bons olhos essas celebrações nas quais as pessoas entregavam-se aos prazeres mundanos”. Essa foi a razão pela qual, durante a alta idade média, foi criada a quaresma – período de 40 dias antes da Páscoa durante a qual se faz jejum. Com isso, a igreja pretendia criar um período para as pessoas cometerem seus excessos.

Como informa o site, durante o Renascimento, nas cidades italianas, surgiu “a commedia dell’arte, teatros improvisados”, que foram populares até o século 18. Em Florença, criavam-se canções para acompanhar os desfiles, que contavam com carros decorados, os trionfi. Em Roma e Veneza, os participantes usavam a bauta, capa com capuz negro, chapéus de três pontas e uma máscara branca.

Aqui no Brasil, o carnaval remonta ao período colonial e uma de suas primeiras manifestações foi o entrudo, uma brincadeira de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos. Proibido em 1841, continuou até meados do século 20. Depois disso, surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as escola de samba.

Já o site da revista Superinteressante destaca que as marchinhas “deram o tom da festa entre as décadas de 1930 e 1950. Mas o ritmo surgiu ainda no final do século 19. Ó Abre Alas é considerada a primeira canção escrita especialmente para um bloco de Carnaval”. E continua: “Os blocos carnavalescos surgiram em meados do século 19. O primeiro de que se tem notícia é creditado ao sapateiro português José Nogueira de Azevedo Prates, o Zé Pereira. Em 1846, ele saiu pelas ruas do Rio de Janeiro tocando um bumbo. A balbúrdia atraiu a atenção de outros foliões, que foram se juntando ao músico solitário”.

Eis aí uma festa que, para mim, era bem melhor antigamente, na época da minha mãe. Pena que não pude saber como era.