O mundo mudou. Será que vai ser para melhor?
Outro dia, estava conversando com uma grande amiga – Cynthia May – pelo whatsapp e ela me disse: “assim que as coisas melhorarem, vamos marcar aquele nosso cafezinho na Paulista para comemorar, né?”.
Encontrar gente da minha família e meus amigos é o que eu mais quero fazer quando for possível. O triste é não saber quando! Mas, vai acontecer, mais dia, menos dia, com ou sem a ‘inestimável colaboração’ das nossas autoridades, que mais atrapalham do que ajudam.
Ainda não dá para saber onde isso vai dar, mas são incríveis as mudanças que já podem ser observadas – boas e ruins.
O próprio planeta parece estar se recuperando. Pelo menos foi o que se viu desde que as ‘intermináveis quarentenas’ começaram. Não podemos, ou melhor, não deveríamos mais voltar às velhas práticas predadoras, caso tenhamos, de fato, assimilado a mensagem do planeta.
Outra constatação: trabalhar em casa tem sido bom para a maioria das pessoas com as quais conversei. Também acelerou a tendência já em andamento do home office, mas que implica ainda a necessidade de profundas adaptações e regulações para que a modalidade seja exercida em condições saudáveis e justas.
A solidariedade que se vê por aí é outro fator positivo do distanciamento social, na mesma medida, infelizmente, do egoísmo que ainda corre solto e da corrupção escancarada, alimentada pela fragilidade imposta pela pandemia.
Muitos são incapazes de estender a mão e ajudar quem precisa. E não é necessário fazer demais. Qualquer gesto já ajuda. Por outro lado, nem é preciso se estender sobre o altruísmo e abnegação dos profissionais de saúde. Um exemplo, uma referência para vidas pequenas e medíocres.
O certo e inegável é que o mundo não vai ser mais o mesmo. A vida está desnuda e as máscaras, no chão. Acredito que estamos vivendo uma fase de grande aprendizado. O isolamento está permitindo a percepção da dinâmica interior de cada um, de novas capacidades, além do enfrentamento das próprias sombras. Mas, muitas vezes, também impõe o sofrimento traduzido em ansiedade e até depressão.
Quem mora com a família está aproveitando como nunca a companhia de pai, mãe, filhos…. Mas, por outro lado, a violência doméstica tem registrado índices preocupantes no Brasil e no mundo.
Podemos dizer que a pandemia tem exposto de forma nua e crua o que estamos vivendo nos últimos tempos: a polarização, a falta quase absoluta do meio termo, do bom senso, da empatia.
Talvez o coronavírus esteja pregando apenas para convertidos. Esperamos que essa tragédia possa sensibilizar outras mentes e espíritos sobre o que podemos ser enquanto humanidade. Ou seja, entender que o que vale e precisa valer é o conjunto e não mais, nunca mais, apenas o individual.
Espiritualista que sou, tenho a firme convicção que esse vírus não está aqui por acaso. Ele está nos ensinando uma grande lição. Já que, até hoje, não aprendemos a dar nosso melhor pelo bem vamos ter de aprender pelo mais difícil. Ele, o vírus, pode até acabar, extinguir-se, mas outros virão se não começarmos a pensar diferente, agir diferente e olhar o outro de forma diferente.
Não podemos mais ter governantes sem empatia, despreparados, focados em projetos pessoais, que minimizam a perda de vidas humanas, que vilipendiam a cultura e a diversidade, que não sejam comprometidos com a preservação do meio ambiente.
Que ninguém, desse grupo dos não empáticos, tenha de passar pela experiência da perda de um ente querido para a covid-19, como minha família e eu passamos. Não pudemos nos despedir e até hoje, um mês depois, fica difícil assimilar e digerir o que aconteceu.
Precisamos reciclar nossos conceitos, nossos preconceitos, nossos pensamentos. Todos nós. E rezar para sairmos maiores e melhores desta experiência. Do contrário, não terá valido a pena tanta angústia e sofrimento.