Assumir erros

Uma das atitudes que mais me incomodam nas pessoas é a ‘incapacidade’ de assumir erros. Pior do que isso: não assumir e jogar a culpa em outra pessoa. Isso é um problema sério na vida pessoal e no mundo corporativo igualmente.

Quando eu dirigia equipes na agência em que trabalhei, fazíamos uma reunião semanal para debater o trabalho dos clientes, definindo a responsabilidade de cada um. Sempre dizia: “Essa é sua pauta. Se perceber que não vai conseguir cumprir algum ponto, avise a tempo de alguém fazer”. Simples, não? Nunca fui de ficar ‘em cima’ das pessoas, perguntando se já fez isso ou aquilo. Acredito na capacidade de cada um assumir sua responsabilidade.

Mas, foram várias as vezes em que descobri, apenas na semana seguinte, que alguns trabalhos não haviam sido feitos. Quando questionados a respeito, os ‘irresponsáveis’ tinha desculpas de todos os tipos, formatos, cores. Por que não avisou antes?, era a pergunta recorrente. Mais desculpas. Nunca ouvi a verdade: “Pisei na bola, desculpe”.

Todo mundo comete erros. É inadmissível não assumir as próprias falhas, fazer a famosa ‘cara de paisagem’ ou culpar um colega. Entendo o medo de encarar uma ‘bronca’. Ninguém gosta disso. Mas comigo – e acredito que com todo mundo – ganha pontos que diz que pisou na bola ou que, simplesmente, não vai dar conta de fazer. O primeiro, pelo caráter. O segundo, porque evitou um problema bem maior.

Não é fácil lidar com quem não admite os próprios erros, porque acredita que não erra. Pior – ou estranho – é quem assume os erros, mas nitidamente é uma postura falsa, de uma humildade fingida.

Então, a pergunta é: como lidar com essa falha de caráter. De acordo com Paul Krugman, isso se deve a uma epidemia de infalibilidade, uma vez que todos querem transmitir uma “imagem de absoluta eficácia” e, portanto, “assumir responsabilidade por falhas é uma linha que ninguém quer transpor”. Até porque isso seria “demonstrar fraqueza”

Foi isso que mostrou um artigo do European Journal of Social Psychology: “as pessoas que optam por não assumir a responsabilidade de seus erros acreditam que, com isso, são mais fortes, têm maior poder sobre os demais e maior controle sobre si mesmas”. A esperança é manter o “ego bem protegido”. Pura ilusão!