Favor usar informações corretas, Presidente!
Gostaria de saber que jornais, site e portais – além de emissoras de televisão – alguns muitos brasileiros andam lendo para ignorar solenemente as medidas mais básicas de prevenção contra a covid-19, como usar máscaras, lavar as mãos constantemente e evitar aglomerações.
A começar, claro, pelo presidente Jair Bolsonaro que, na semana passada, destacou, em sua live pelo Facebook, os efeitos colaterais do uso de máscaras, um item que ele, sistematicamente, se nega a utilizar.
O presidente atribuiu a informação a uma universidade alemã, cujo nome ele não revelou. “Não vou entrar em detalhes” disse ele, “porque tudo deságua em crítica em cima de mim. Tenho minha opinião sobre máscara, cada um tenha a sua, mas a gente aguarda um estudo mais aprofundado sobre isso por parte de pessoas competentes”.
Na mesma transmissão, Bolsonaro criticou também as medidas de isolamento social e os governadores que vêm adotando o lockdown.
Lockdown é bom? Não, claro que não é. Mas, a pandemia, ao que tudo indica, está fora de controle e o que os profissionais de saúde estão querendo, na minha opinião, é frear a velocidade de contágio para não sobrecarregar ainda mais a rede hospitalar, que está à beira do colapso em muitos lugares.
Sábado, recebi o comunicado de um grande hospital da rede privada informando que sua capacidade de ofertar leitos para a doença havia chegado ao limite e que poderia “haver um tempo de espera para a obtenção”.
Sou da seguinte opinião: quem não ajuda, não atrapalha. Para mim, é exatamente isso que o presidente da República deveria fazer. Se ele não acredita nos números de casos e de óbitos, se pensa que a covid não passa de uma ‘gripezinha’, que, pelo menos, deixe de dar opiniões que contrariam unanimemente os médicos.
Como ele diz – e disse na live da quinta-feira passada -, todo mundo tem direito à própria opinião. É um direito. Mas, como ele não é médico, o melhor que poderia fazer seria ficar em silêncio.
O certo, como chefe da Nação que enfrenta a morte de mais de 250 mil brasileiros pela doença, seria fazer sua parte e incentivar a adoção de todas as medidas de proteção recomendadas pela ciência.
Mas, já que isso é pensar o impensável, que ele pelo menos consulte profissionais sérios e reconhecidos sobre ao assunto, forneça as fontes das informações que oferece ao público e não confunda as pessoas.
É bem possível que muita gente não esteja usando máscaras de proteção e participando de festas com aglomerações seguindo seu lamentável exemplo de sempre e de sua viagem ao Ceará na última sexta-feira, quando chegou a conclamar as pessoas a irem às ruas e a ameaçar os estados que adotam restrições à circulação de pessoas.