Notícias de partir o coração

Tenho ouvido notícias de partir o coração sobre as dificuldades que muitas pessoas vêm enfrentando por causa da crise econômica. Semana passada, soube de um rapaz que perdeu o emprego foi despejado do quarto em que morava porque não conseguiu pagar o aluguel. Agora ele está dormindo na rua.

Também fiquei sabendo de uma manicure que ficou mais de quatro meses sem trabalhar por causa da quarentena. Ela tem dois filhos menores. Como recebia o Bolsa Família, passou a ganhar o auxílio emergencial. Agora, nem isso. Vai voltar a receber o Bolsa Família de menos de R$ 300.

Isso são apenas dois dos muitos que existem por aí. Quem não está em dificuldades financeiras, certamente está sofrendo consequências psicológicas. São inúmeros casos de ansiedade, depressão, estresse, inclusive em crianças.

A pandemia está longe de acabar. A Europa está à beira – ou já vive esse pesadelo – da segunda onda de covid-19. Se o número de novos casos continuar aumentando, como ocorre no Reino Unido, na Espanha e França, não se descarta uma nova quarentena.

Por aqui, não se pode dizer que a situação está controlada. Não está. Em alguns estados, o número de novos casos e de óbitos está caindo. Mas, não se pode descuidar. Não dá para fazer de conta que o normal voltou e que já é possível fazer, sem preocupações, tudo que se fazia anteriormente.

Quem pensa dessa forma, está se enganando. E conheço muita gente que, de uma hora para outra, voltou à vida normal.

O vírus ainda está por aí. As vacinas ainda não estão disponíveis, nem se sabe se são eficazes. O cuidado deve ser mantido: uso de máscara, de álcool em gel e distanciamento.

São medidas relativamente simples e que podem salvar vidas. Por isso, fico estarrecida quando vejo – como vimos no feriado de Sete de Setembro – as praias lotadas de gente refestelada nas areias, sem máscara, sem tomar qualquer cuidado. Ou quando vemos os bares e restaurantes cheios de gente, do lado de fora, conversando, sem máscara. E não adianta alguém dizer que, tudo bem, se eu me contaminar não tem problema, porque tem. O problema é alguém descuidado se contaminar e, assintomático, transmitir a doença para alguém que pode morrer com ela.

Segundo dados da Johns Kopkins University, até hoje, a doença já infectou mais de 31,3 milhões de pessoas, das quais 965,5 mil não resistiram.

Esses números, para mim, são suficientes para mostrar o ‘poder do vírus’, seu alcance e necessidade imperiosa de tomarmos cuidado. E, mais importante de tudo: pensarmos no outro, que é o que está faltando nesse mundo, que, aliás, quase destruímos.

Se alguém ainda não entendeu porque o coronavírus apareceu, é por isso e por nenhuma outra razão: altruísmo, solidariedade, empatia e compreensão. Qualidades que precisamos, urgentemente, desenvolver.