O mercado financeiro cria seus veículos de comunicação

Está ocorrendo um fenômeno interessante no mercado jornalístico – e também no financeiro – relativamente recente. A última notícia sobre isso recebi semana passada pelo Facebook ou LinkedIn, não estou bem certa. Foi a informação da criação do InvestNews pelo jornalista Dony di Nuccio, o economista Sami Dana e a Easyinvest, apresentada como a maior plataforma independente de investimentos do Brasil.

O outro veículo é o 6 minutos, apresentando no site como “uma plataforma de conteúdo jornalístico independente que faz parte da mesma holding que controla o C6 Bank”. E vai além: “O 6 Minutos tem independência editorial em relação ao C6 Bank, mas compartilha com o banco os valores de transparência, ética, respeito, bom humor, responsabilidade e trabalho em equipe”.

Pelo que sei – mas eu posso estar enganada -, o primeiro veículo nesses moldes foi o Infomoney que, como está explicado no site, “é de propriedade da Infostocks Informações e Sistemas, sociedade controlada, indiretamente, pela XP Controle Participações, sociedade holding que controla as empresas do XP Inc.”.

Um detalhe importante, se não está claro: esses canais de empresas do mercado financeiro são totalmente abertos a informações de outras empresas do mesmo segmento. São veículos como quaisquer outros, apenas estão ligados a uma empresa.

Como assessora de comunicação, tenho experiência de trabalho com o Infomoney, principalmente no primeiro semestre de 2017 – no ano passado, jamais consegui contato por telefone ou email com a redação do site, o que, convenhamos, não é privilégio nem prerrogativa deles. Mas, naquela época, era possível falar com o editor para proposição de pautas de concorrentes, digamos assim. A única coisa que eles faziam era colocar uma frase no pé da matéria em questão, tipo “Não seja refém dos bancos: invista com quem mais entende. Abra uma conta gratuita na XP”.

Mas, voltando ao assunto em questão, a pergunta para a qual eu não tenho resposta é: isso é uma tendência? As empresas, como as representantes do mercado financeiro, vão continuar criando seus próprios veículos de comunicação, patrocinando esses veículos produzidos por jornalistas reconhecidos?

Mas, ao que parece, não é só o mercado financeiro que cria seus veículos. O Hospital Einstein já implantou sua própria agência de notícias (leia aqui). Obviamente, estou curiosa para saber a razão pela qual um banco, uma empresa de investimentos decide criar – ou patrocinar – um veículo de comunicação. Para usar uma expressão que minha mãe usava que vantagem Maria leva? Que ganhos de imagem esse veículo traz para a empresa, corretora, gestora?

Com a palavra, quem tem as respostas.