Será que tudo tem impacto na bolsa de valores?

Ontem, o Ibovespa levou um tombo e caiu 3,29%. Todos os analistas afirmam que a queda está diretamente relacionada ao avanço do coronavírus e seus impactos econômicos, entre os quais uma redução do PIB chinês, país onde surgiu o vírus que já matou mais de uma centena de pessoas.

Todos lembram ainda dos resultados nas bolsas dos tuítes do presidente norte-americano Donald Trump no auge da guerra comercial com a China. O impacto de suas poucas palavras no Twitter era global e imediato. Isso tudo é resultado da globalização, da internet, que, em poucos minutos, faz uma notícia rodar o mundo.

Mas, nem sempre foi assim. Como se sabe, uma bolsa de valores é um ‘mercado’ no qual se negociam ações e títulos que representam parte do capital de uma empresa. De acordo com historiadores, desde o século 15, cotas de participação de empresas e metais preciosos eram negociados na rua, a exemplo de qualquer outro produto. Por isso, acredita-se que a primeira bolsa de valores da história tenha surgido em 1487, na cidade de Bruges, na Bélgica, e o nome ‘bolsa’ refere-se ao brasão da família Van der Burse, proprietária da casa onde as transações eram realizadas.

Em 1531, foi criada a bolsa de Antuérpia, também na Bélgica, na qual se negociavam empréstimos.  Mas, a primeira venda de uma ação em bolsa de valores ocorreu mais tarde, em 1602, na bolsa de Amsterdã, pela Companhia Holandesa das Índias Orientais.

A bolsa brasileira tem origem em 1890 e foi fundada, com o nome de Bolsa Livre, por Emilio Rangel Pestana, e foi o embrião da Bolsa de Valores de São Paulo. Ela durou bem pouco, pois, em 1891, em razão de um plano econômico de Ruy Barbosa que provocou uma grave crise de crédito, levando ao seu fechamento. Mas, em 1895, nasceu a Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo que, 40 anos depois, foi transferida para o Palácio do Café, no Pátio do Colégio, centro da capital paulista, quando passou a chamar-se Bolsa Oficial de Valores de São Paulo.

O nome Bovespa só foi adotado em 1967, época em que também havia bolsas em outros estados brasileiros. Dois anos antes, todas elas se tornaram associações civis sem fins lucrativos, regulando-se com autonomia financeira e administrativa.

Durante muito tempo, a Bovespa nem era a mais importante do País. Isso era ‘privilégio’ da bolsa do Rio de Janeiro. No ano 2000, as operações de São Paulo e Rio unificaram as nove bolsas ativas no Brasil, quando também se acertou que todas as ações seriam negociadas na capital paulista e os títulos públicos ficariam na capital fluminense e comercializados eletronicamente.

Na Bovespa, o pregão viva-voz acabou em 2005 e todos os negócios passaram a ser feitos pelos computadores e a internet. Em 2007, houve a abertura do capital da bolsa de São Paulo e, no ano seguinte, ela uniu-se à Bolsa de Mercadorias & Futuros. Em 2017, depois da união com a Cetip, criou-se a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), mas o índice mantém o nome Ibovespa, que foi como esse texto começou.

Respondendo a pergunta do título: sim, tudo tem impacto na bolsa de valores. E hoje, infelizmente, com o coronavírus à solta, até um espirro – dependendo de quem espirrar – pode mudar tudo.