Sobre violência e o decreto das armas
A Organização Mundial da Saúde define a violência como “o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação”.
Eu sei que ‘vou chover no molhado”, mas, diante desta definição, a única conclusão a que se pode chegar sobre o Brasil é que é um país violento, em todas as suas formas, de pessoa para pessoa, de pessoa contra grupos, comunidades, de grupos contra grupos, governo contra pessoas. Enfim…… a violência está aí em todos os lugares.
E pouco adianta saber que, nos dois primeiros meses deste ano, houve uma queda de 25% no número de assassinatos em relação ao mesmo período do ano anterior, como revela o G1 Monitor da Violência, uma parceria do portal com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Violência, para mim, não está apenas nos roubos, homicídios, estupros e outros crimes tipificados na legislação. Violência é a falta de remédio gratuito para quem não pode pagar. A violência está na corrupção que ‘come’ o dinheiro a ser destinado aos hospitais, à educação; no motorista que avança na faixa de pedestre sem se importar se tem alguém atravessando; no trânsito de forma geral; na vontade de algumas pessoas de querer ‘vantagem em tudo’; na falta de segurança; nas redes sociais; no abandono do idoso e da criança; no abuso financeiro; na discriminação; na homofobia; na falta de oportunidades, de empregos; na fome; na carência de tudo; na ausência de empatia, de gentileza. E por aí vai.
Estamos sempre esperando que as coisas melhorem. Não sou pessimista, penso que tenho capacidade de ver a realidade como ela é. Por isso, me preocupa a aprovação do decreto das armas. Na minha opinião, violência não se combate com violência. Armar a população não é o caminho, não é assim que se resolve o problema da segurança pública. Bem capaz de só aumentar o arsenal de quem já tem arma de sobra.