Suicídio: o desespero, a desesperança e a ajuda necessária, por Beth Guaraldo

Sempre fiquei muito impactada com notícias de suicídio. Esse assunto me voltou à memória esta semana com a notícia da morte da ativista social Sabrina Bittencourt, que, segundo informações divulgadas pela imprensa, teria tirado a própria vida.

Ainda me lembro de como fiquei perplexa com a notícia, em 1984, do suicídio do memorialista Pedro Nava, aos pouco mais de 80 anos. Igualmente atônita fiquei quando soube da morte de uma antiga colega de colégio e de familiares de pessoas conhecidas. Curiosamente, essas três pessoas se atiraram pela janela. Eu não consigo alcançar o nível de desespero e desesperança a que chegam para se matarem.

O suicídio é um problema grave. De acordo com dados de 2018 divulgados pela Organização Mundial da Saúde, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo. O estudo revela ainda outros dados preocupantes: é a segunda maior causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos; e 79% dos casos ocorrem em países de baixa e média renda. No Brasil, entre 2007 e 2016, mais de 100 mil pessoas se mataram.

A OMS informa ainda que, segundo estimativas, 20% dos suicídios globais são praticados pelo uso de pesticidas. Outros métodos são o enforcamento e o uso de armas de fogo. As razões que levam uma pessoa ao suicídio são as mais variadas: solidão, depressão, doenças, bullying, drogas, abuso de álcool, luto ou perdas afetivas, problemas financeiros

Para o organismo internacional, os suicídios são evitáveis. Para isso, recomenda a adoção de medidas como a redução ao acesso aos meios utilizados; apoio dos meios de comunicação na cobertura responsável desse assunto; estabelecimento de políticas para reduzir o uso do álcool; formação de pessoas não especializadas em avaliação e gerenciamento de comportamentos suicidas; acompanhamento de quem tentou tirar a própria vida e prestação de apoio comunitário.

É exatamente esse o trabalho do CVV – Centro de Valorização da Vida, fundado em São Paulo em 1962 para prestar serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio. A instituição oferece várias formas de ajuda: gratuitamente pelo telefone 188, pessoalmente em seus mais de 90 postos, pelo site (www.cvv.org.br), por chat ou por email. São mais de dois milhões de atendimentos por ano, prestados por 2,4 mil voluntários em 19 estados e no Distrito Federal.

Além desse trabalho, o CVV mantém o Hospital Francisca Julia, em São José dos Campos (SP) que cuida de pessoas com transtornos mentais e dependência química.