A dor inimaginável de perder um filho
Neste final de semana, um pai e uma mãe perderam dois filhos. Ao saber disso, a pergunta inevitável é por que isso acontece, como é possível viver, sobreviver e conviver com isso.
Uma vez ouvi de uma pessoa da família: “Nenhum pai e mãe deveriam sobreviver à morte de um filho”. Mas, aí é que está: isso acontece, aconteceu e continuará acontecendo.
Para Santo Agostinho, “o cordão da união não se quebrou. Por que eu estaria fora de teus pensamentos, apenas porque estou fora de tua vista? Não estou longe, somente estou do outro lado do caminho”.
Para nós, habitantes do planeta Terra, a morte ainda é um mistério. Pode ser maior ou menor para uns e outros. Mas, a maioria de nós não entende a razão pela qual jovens se vão antes dos velhos, sãos morrem antes dos doentes, os bons falecem antes dos maus. Não tenho explicação para isso, exceto a da minha própria crença, que vê a morte como uma passagem, como o fim de uma experiência no corpo que ora habitamos, jamais como o fim da vida.
Mas, para a maioria das pessoas, tudo isso não passa de palavras, que não consolam, não eliminam a dor, não ajudam a continuar a vida. Praticamente não servem para nada. Só mostram solidariedade, a vontade de que não tivesse acontecido, a mão estendida e a oferta de um abraço confortador.
Tenho uma amiga que perdeu seu único filho aos 4 anos. Só pude estar com ela, ouvir o que ela tinha a dizer, chorar com ela. Nunca consegui dizer uma palavra que pudesse diminuir seu sofrimento. Ninguém jamais pôde fazer isso. Somos, neste aspecto, inúteis, irrelevantes, vãos, desimportantes.
Mas, acredito que saber que alguém está por perto, chora junto e pede, de todo coração, por conforto, resignação e serenidade ajuda de alguma maneira. E é o que desejo a pais e mães que perdem seus filhos muito antes do que seria de esperar – alguém que compartilhe sua dor, mesmo sabendo que isso é impossível.