Os defensores do quanto pior, melhor

Ontem recebi, por vias diferentes, informações sobre o coronavírus. A primeira delas chegou pelo whatsapp – eram um vídeo e um áudio explicativo à parte. Não vou entrar em detalhes sobre o vídeo, que só posso descrever como horrível e alarmante. O áudio, de um brasileiro explicando o que as imagens mostravam, convidava a uma distribuição massiva do vídeo.

Preciso confessar que não vi o vídeo todo. Já o áudio eu ouvi na esperança de, ao menos, saber o nome da pessoa que estava distribuindo essas imagens. Talvez alguém saiba.

A grande pergunta, claro, é se esse vídeo é uma fake news ou não. A primeira coisa a se pensar é o seguinte: se é verdadeiro, porque só está circulando pelo whatsapp. O áudio informa que as imagens, clandestinas, foram feitas por um jornalista alemão. Então, por que nenhum emissora de TV veiculou o vídeo? Se é, como insinua a voz desconhecida, um alerta, por que nenhuma empresa de comunicação, no mundo todo, decidiu mostrá-lo?

A outra grande questão é porque alguém faria um vídeo desses e o distribuiria? Se ele retratar a realidade – no que não acredito -, que bem faria? Quem o vir só vai se assustar, como foi o caso da pessoa que me mandou. Para que criar pânico? A quem interessa esse pânico?

Quem fez e distribuiu esse vídeo é de uma irresponsabilidade total. Não mede as consequências do que faz. É insano e, se for falso, merece uma séria punição.

A segunda informação que recebi por meio de uma rede social foi um post de um jornalista – cujo nome não vou citar – fazendo estimativas sobre o avanço do vírus mundialmente e previsões sobre o número de mortes. De novo, para que divulgar esse tipo de informação? Com qual finalidade? No que exatamente ela ajuda?

O coronavírus é sério, preocupa, mas, segundo as autoridades globais de saúde, tem uma taxa de letalidade de 2%, bem menor do que o ebola (90% se não for tratado a tempo), da gripe espanhola (50% em 1918) e da SARS (20% no surto do início dos anos 2000).

Em momentos como esse – que a humanidade já viu inúmeras vezes – o que se precisa é de serenidade. As autoridades têm o dever de informar corretamente a situação sem alarmar ou criar pânico. E, mais do que isso, cabe a elas promover campanhas por todos os meios de comunicação possíveis informando quais são os principais sintomas, o que fazer quando eles aparecerem, que medidas as pessoas devem tomar para evitar o contágio.

Isso é serviço público, ajuda, deve ser disseminado de forma massiva, a todas as pessoas em todos os cantos. Porque epidemias precisam de verdade, de transparência, honestidade. E informação falsa, leviana mata!