A economia compartilhada e o celular, por Beth Guaraldo

Outro dia, fui tomar café da manhã com uma amiga e, mais uma vez, me espantei com a quantidade de pessoas que não desgrudavam do celular, mesmo estando em companhia da família. Pelo que pude perceber, nós éramos praticamente as únicas que estavam conversando.

O que me deixe intrigada em tudo isso é que, sim, as pessoas ficam com seus celulares compartilhando ideias, pensamentos, acontecimentos, fotos nas redes sociais. Mas esquecem de compartilhar tudo isso com quem está à sua frente, tomando café da manhã.

Isso é bem estranho, principalmente se consideramos que muitas dessas pessoas que preferem o celular a conversar com a pessoa ao lado são as mesmas que estão se acostumando – ou já se acostumaram – com a economia compartilhada. O consumo colaborativo garante enormes benefícios econômicos e ambientais, para dizer o mínimo, mas também está contribuindo para promover a ideia de pertencimento, de comunidade.

Basta perceber o sucesso de iniciativas de compartilhamento, que vão da locação da própria casa para receber hóspedes ou moradores permanentes; do sistema de coworking, uma ótima alternativa para empreendedores e startups que, além de economizar nas despesas, ainda encontram a possibilidade de ampliar sua rede profissional; a divisão dos custos de um ‘taxi’ entre pessoas que vão seguir na mesma direção. E o que dizer de quem ‘aluga’ o sofá de casa para receber um visitante desconhecido?

Outros exemplos: aluguel de cozinhas para pequenos empreendedores que estão começando na gastronomia; o compartilhamento de bicicletas nos grandes centros urbanos; os aplicativos de caronas; e até mesmo a divisão do pagamento dos passeadores de cães.

A economia compartilhada pode evitar a produção desnecessária de bens, se quem os possui se dispuser a compartilhar itens que não são utilizados o tempo todo. A sustentabilidade do planeta agradece.

Então, se boa parte das pessoas já pensa desta forma e pratica o compartilhamento, está na hora também de realmente compartilhar o café da manhã com a família e os amigos que estão ao lado, deixando o celular guardado para usufruir desses preciosos momentos.