Parque Trianon: patrimônio histórico esburacado, por Beth Guaraldo


Acredito que muitas pessoas que, como eu, têm o privilégio de poder caminhar todos os dias no Parque Tenente Siqueira Campos, mais conhecido como Trianon, desconhece sua história e sua riqueza natural. É um pequeno pedaço do que sobrou de Mata Atlântica na região e reúne exemplares de jequitibá, cedro-rosa, sapucaia, pau-ferro, entre outros.

São apenas 48,6 mil metros quadrados localizados no trecho que vai da avenida Paulista até a alameda Jaú entre a rua Peixoto Gomide e alameda Casa Branca. O parque foi inaugurado em abril de 1892 um ano depois da abertura da avenida e leva a assinatura dos paisagistas francês Paul Villon e inglês Barry Parker.

Diz a história que o nome Trianon tem a ver com o belvedere, que ficou conhecido desta forma, construído no início dos anos 1910 no local onde hoje está o Museu de Arte de São Paulo, com projeto no arquiteto Ramos de Azevedo. O belvedere foi demolido nos anos 50 para dar lugar ao Masp. Já o parque foi doado à prefeitura em 1924 e, sete anos mais tarde, recebeu o nome Tenente Siqueira Campos, uma homenagem a um dos heróis da revolta do Forte de Copacabana, ou Revolta dos 18 do Forte, a primeira do movimento tenentista que pretendia a derrubada da República Velha. O levante ocorreu no Rio de Janeiro em julho de 1922 e foi encerrado no dia seguinte.

O Parque tem muitos outros atrativos, como a Trilha do Fauno, um caminho com 600 metros onde é possível apreciar duas esculturas: Fauno, de Vitor Brecheret (I1894-1955), e Aretuza, de Francisco Leopoldo e Silva (1879-1948). Bem em frente à entrada do parque está o Monumento ao Anhanguera, escultura de Luigi Brizzolara (1868-1937), criada para o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva.

Mas, claro, nem tudo é perfeito no parque, que é tombado pelo Compresp – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, Histórico e Ambiental da Cidade de São Paulo e pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo. É por esta razão que todo o piso do parque, em pedras portuguesas, tem de ser mantido como criado originalmente. O problema, recorrente, são os buracos e as pedras soltas, que se tornam um risco de quedas, torções e fraturas. Hoje, quando estive lá, notei que parte dos buracos já foi consertada, mas apenas no trecho do parque que fica entre a avenida Paulista e a ponte sobre a alameda Santos. Na parte debaixo, tudo continua igual – muitos buracos.

Vamos esperar que a Prefeitura faça sua parte consertando esses buracos para evitar problemas. Afinal, a ideia de quem vai ao parque não é ficar olhado o chão com medo de cair!