A inteligência artificial no jornalismo

O assunto não é novo e a pergunta continua recorrente: os jornalistas serão ou não substituídos pelos robôs? A resposta é não, evidentemente. Mas, boa parte das notícias já vem sendo produzidas por eles, como ocorre na Bloomberg e na Associated Press – caso de textos sobre relatórios financeiros divulgados pelas empresas de capital aberto. Também usam inteligência artificial The Washinton Post, o Los Angeles Times e Le Monde.

As redações têm interesse em usar a tecnologia, como revela o relatório “Uso de Inteligência Artificial nos meios de comunicação na América Latina”, publicado em setembro de 2021, pelo Centro Latinoamericano de Investigación Periodística, International Media Suppot e The Fix. “Há uma vontade clara de adotar a IA nas redações”, informa o levantamento, mas há necessidade de treinamento e falta de orçamento disponível.

O estudo foi feito com representantes de 32 meios de comunicação da região que, ao responder para quais atividades já utilizaram soluções externas de inteligência artificial, informaram que os maiores usos foram no editorial, na área de tecnologia de dados e análises, marketing e assinaturas.

Outro dado apresentado no relatório diz respeito ao fato de que os “meios de comunicação estão utilizando IA para entender em profundidade os segmentos de hábitos de consumo, fidelização de usuários e integração de campanhas publicitárias”, como forma de atrair os leitores e torná-los assinantes.

O levantamento aponta ainda o uso de inteligência artificial e o gerenciamento de grandes bancos de dados para a realização de investigações jornalísticas. Uma delas foi feita pelo departamento de dados do jornal La Nación para identificar parques solares na Argentina, que reconheceu 22 localidades.

Como colaboração, o estudo apresentou recomendações para a aplicação de IA em veículos de imprensa. Entre elas estão o estabelecimento de um plano de cinco anos para definir os objetivos corretos e a implementação adequada de acordo com o tipo de meio que a organização quer se tornar mais tarde; formação de equipe multidisciplinar; definição de prazos realistas e metas de curto prazo; mensuração de resultados e colaboração com outros veículos.

Não, os jornalistas não serão substituídos pelos robôs. Como informa Nick Diakopoulos, professor da Northwestern University, apenas “9% do trabalho de um editor e 15% do trabalho de um repórter podem ser automatizados”, usando a inteligência artificial disponível atualmente.