Jornalismo de freelancers

Durante reunião da qual participei esta semana, meu interlocutor me disse que uma importante publicação está com equipe fixa extremamente reduzida e trabalhando com repórteres freelancers. Eles participam da reunião de pauta – também levam suas sugestões resultantes dos contatos com suas fontes – e depois saem fazendo as matérias, por conta deles totalmente.

Ontem, a newsletter 7 Sources mandou uma informação de um artigo publicado no The New Republic sobre “como os freelancers estão quebrando a indústria de mídia”. O foco do artigo é que as demissões levaram muitos jornalistas a trabalhar por conta própria e, com isso, as condições de trabalho nas redações se deterioraram, aí incluídos os salários, que se reduziram.

Não tenho elementos para apoiar ou refutar essa ‘tese’ no jornalismo brasileiro. Mas, é o caso de lembrar alguns fatos, como a recuperação judicial da Editora Abril, a compra não confirmada da revista Exame pelo BTG Pactual e da situação de muitos outros veículos que andam tendo problemas econômicos. É só ver o número de anúncios em cada um deles, para perceber que a receita não está lá essas coisas. Menos ainda, imagino, as assinaturas.

Tudo isso, claro e inevitavelmente, tem impactos, nas redações, na qualidade da equipe que produz o conteúdo de jornais, revistas, sites, portais, rádios e emissoras de TV. Não tem como ser diferente.

A pergunta então é: jornalismo freelancer funciona? Essa situação impacta a qualidade? O profissional escreve para quantos veículos?

Não tenho respostas para essas perguntas. Mas é inegável que a qualidade de muitos veículos anda bem ruim. Não dá para ser diferente, quando a prioridade é a receita – os bons e experientes profissionais são demitidos e substituídos por jornalistas ainda sem experiência. A urgência de atualização da internet provoca publicações, muitas vezes, sem checagem.

No que tudo isso vai dar? Não dá para saber. Mas, os talentos substituídos estão por aí. Trabalhando como freelancers? Provavelmente sim. Então, se for isso, nem tudo está perdido.