O excesso de informação e o esgotamento mental

Um dia, durante uma reunião, André Pasquali, hoje diretor geral da Proximity Brasil, me disse que seria o melhor dos mundos se fosse possível esvaziar a cabeça. Esvaziar a mente da montanha de informações que recebemos – relevantes, irrelevantes, úteis, inúteis, fúteis, boas e ruins.

Conseguir fazer isso seria, realmente, um progresso e tanto. Nossos aparatos tecnológicos – smartphone, tablet, TV, computador – são os meios pelos quais, a toda hora, todo minuto, nos ‘bombardeamos’ com uma quantidade imensa de dados.

Uma matéria do Estadão, publicada em 2015, revela que “o excesso de informações pode prejudicar o bom funcionamento do cérebro e causar danos à memória e à tomada de decisões”. Faz todo sentido, pelo menos no que me diz respeito.

Há uns anos, eu guardava números de telefone com facilidade. Agora, nem os das pessoas mais próximas eu consigo lembrar sem ajuda da agenda do telefone. Idem para compromissos – uso o calendário do celular e tenho também uma planilha no computador, na qual detalho tudo, absolutamente tudo, que tenho para fazer no dia e nos próximos.

Uma coisa é certa: a tecnologia, além de nos fornecer uma quantidade excessiva de informações, também ‘impede’, de certa maneira, que nos desliguemos do trabalho. Eu sou do tempo anterior ao celular, claro. Trabalhávamos bastante, mas depois disso, a não ser em casos de absoluta emergência, não erámos contatados pelos chefes e, mais, não ficávamos de olho no email, em mensagens, em nada.

Hoje, continuamos trabalhando muito e não nos desligamos depois disso. Estamos sempre de olho no celular, no email, à noite, finais de semana, feriados. Até nas férias!

Isso tudo – esse não desligamento e o excesso de informações – tem provocado esgotamento mental, que pode ser ‘reconhecido’ por vários sintomas: dificuldade para lembrar de informações, insônia, falta de motivação, alterações de humor, cansaço extremo mesmo sem causa aparente, falta de disposição, ansiedade, irritação, perda de produtividade, além de azia, má digestão, entre outros.

Nenhum desses sintomas pode ser encarado como normal. Sua recorrência deve levar à busca de solução imediata, sob pena de, agravados, se transformarem em depressão ou na síndrome de burnout, reconhecida como doença, este ano, pela Organização Mundial da Saúde.

Além de buscar ajuda médica, é importante não esquecer de:

  • Dar um tempo a si mesmo fora do trabalho para ler, ouvir música, ver um filme, ficar com a família, tomar café com um amigo.
  • Praticar atividade física, qualquer que seja ela, desde que não seja penosa, difícil. É preciso escolher algo que dê prazer e alivie a mente sobrecarregada.
  • Cuidar da alimentação, incluindo na dieta frutas, verduras, cereais, grãos, castanhas, evitando comida pesada, de difícil digestão.

A tecnologia ajuda muito. Mas, também tem seus senões, dos quais apenas nós podemos nos livrar, impondo limites.