O fascínio pelo poder

Certas pessoas, incluindo algumas que eu conheço, são fascinadas pelo poder. São capazes de quase tudo por ele e ‘cometem’ algumas atitudes apenas como forma de mostrar que, de um jeito ou de outro, têm poder. Já tive alguns bons exemplos disso. O que aconteceu – a, digamos assim, demonstração de poder (pelo menos é o que a pessoa achava) – me deixou sem fala. Fui tentar entender melhor porque o poder é tão deslumbrante e arrebatador.

A Wikipedia define poder como a ‘”capacidade de deliberar arbitrariamente, agir e mandar”. E diz ainda que “uma relação de poder pode se formar, por exemplo, no momento que alguém deseja algo que depende da vontade de outra pessoa. Esse desejo estabelece uma relação de dependência de indivíduos ou grupos em relação a outros”. E completa: “Quanto maior a dependência de A em relação a B, maior o poder de B em relação a A”.

Até aí, tudo certo. Entende-se facilmente essa relação. Mas, sociologicamente, o que é poder? Achei uma explicação interessante aqui. Ela informa que “a maior parte dos cientistas sociais compartilha a ideia de que poder é a capacidade para afetar o comportamento do outro”. E apresenta a definição do filósofo e teórico social Michel Foucault (1926-1984), segundo a qual poder é “um dos mecanismos sociais para ‘disciplinar’ indivíduos, modelando seu discurso, seus desejos, a bem dizer sua própria subjetividade”.

E por que então determinadas pessoas se fascinam e precisam de poder – ou de mostrar que detém poder, mesmo que na verdade não tenham poder algum? E isto porque mandar não tem nada a ver com liderança. O líder pode mandar, mas o ‘mandão’ não é, necessariamente, um líder. Neste artigo, explica-se que “o líder é poderoso por si só. O líder é. O poder está”. Ainda sobre isso, a afirmação do “perfil egocêntrico de quem detém o poder”.

Além disso, “mandar já não faz parte do dicionário das empresas bem-sucedidas. Chefe é uma palavra cada vez menos usada nos escritórios”. E vai direto ao ponto: “O poder parece ser uma necessidade em muitas pessoas. E, com ele, muitas coisas parecem associadas: sucesso, admiração, competição, valor, dinheiro, status e, especialmente, o controle e a superioridade do eu”. E a frase que eu mais gostei e considero bem verdadeira: “O poder usado para encobrir nossas falhas tem prazo de validade”

Também na Wikipedia, encontrei a definição da síndrome do pequeno poder, também chamada de síndrome do porteiro. Genial, não? Simplesmente, aplica-se a quem acha que tem poder e, pensando que o tem, faz o que bem entende com as outras pessoas. É típico de chefes incompetentes e de gente que, tendo uma pequena parcela de poder, mas inconformada com ela (porque, claro, quer mais e mais poder) passa a se achar superior a todos os demais e exagera em sua autoridade.

Para encerrar, o provérbio iugoslavo: se quiser saber como uma pessoa é, coloque-a numa posição de poder.