2019: O ano do futuro, por Marco Antonio Catai

O que George Orwell, Isaac Asimov e a dupla William Hanna e Joseph Barbera têm em comum? Cada um deles, a seu modo, fez previsões de como seria o mundo no futuro. Orwell, com seu livro mais famoso “1984”, publicado em 1949. Asimov, o grande mestre da ficção científica, nos ofereceu a trilogia “Fundação”, de 1950, além de outros títulos como “Eu, Robô” e “O Homem Bicentenário”, que acabaram se transformando em sucessos no cinema. Hanna e Barbera nos brindaram com “Os Jetsons”, desenho animado de 1962 sobre uma família que andava em carros voadores e tinha os mais estranhos aparelhos eletroeletrônicos.

Setenta anos depois, a obra de Orwell, jornalista, ensaísta e romancista britânico, continua atual. Além de criticar de forma ficcional, os regimes políticos totalitários de então: nazismo, fascismo e comunismo, ele ainda previa alguns dispositivos que pareciam inconcebíveis na época, como as teletelas espalhadas nas ruas, pelas quais o Grande Irmão, que tudo via e tudo escutava, controlava as ações da sociedade. As teletelas seriam hoje correspondentes às câmeras de vigilância espalhadas por milhares de cidades no mundo. Ironicamente, The Big Brother foi o nome adotado para um reality show.

Asimov, russo de nascimento e crescido nos Estados Unidos, foi, sem dúvida, o mais criativo autor de ficção científica. Em A Fundação, toda a galáxia é colonizada por humanos, dominados por um imenso império interestelar. Hari Seldon, um cientista, prevê que esse império decairá e a galáxia viverá 30 mil anos numa espécie de idade das trevas. Ele desenvolve um plano para reduzir esse tempo, implantando duas colônias de cientistas nos dois extremos da galáxia.

Além de toda a criatividade da narrativa, Asimov previu, em 1950, viagens interplanetárias a bordo de naves espaciais. E lógico, com elas, todos os tipos de máquinas que dariam sustentação às aventuras e que, em 2019, fazem parte do nosso dia-a-dia. Em O Homem Bicentenário, Asimov discute a relação homem-máquina e a evolução da inteligência artificial através de um humanoide que procura a liberdade.

William Hanna e Joseph Barbera talvez tenham sido os autores que mais despretensiosamente previram, na década de 1960, o que teríamos em 2019. Já existem protótipos de carros voadores, parecidos com aqueles em que George Jetson, sua esposa, Jane, o filho Elroy e a filha de Judy se deslocavam. Rosie, a empregada, era um robô que fazia os serviços domésticos. Hoje já há robôs que interagem com humanos em uma série de tarefas. George lia as notícias numa tela chamada spaceviewer, hoje um correspondente do tablet. Também usava um “videochat” no trabalho para se comunicar com a mulher ou clientes, o que hoje é feito pelo Skype, whatsapp e outros tantos aplicativos.

Cabe saber agora o que nos reservam outros ficcionistas. Será que ainda há mais o que prever na ciência? Acho que sim.